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MP pretende concluir na próxima semana investigações sobre desvios de recursos da Câmara
Considerando “bastante graves” as evidências e provas já encontradas, o representante do Ministério Público (MP) na Comarca de Palmeira, promotor Antônio Carlos Nervino, disse ter a expectativa de concluir na próxima semana as investigações sobre os desvios de recursos financeiros na Câmara Municipal. Assim, deve apresentar à Justiça acusação por peculato e falsidade documental contra contadora da instituição, Giseli Gremski Vida. Até o momento, já estão comprovados desvios de pouco mais de R$ 268 mil, ocorridos no período entre setembro de 2013 e abril deste ano.
A contadora da Câmara, segundo apontam os documentos bancários obtidos pela comissão de sindicância do legislativo, realizava transferências de valores de conta da instituição para três contas pessoas em três agências bancárias diferentes. Esta documentação aponta para o valor desviado por ela no período de apenas oito meses. Há a possibilidade, segundo Nervino, de terem ocorrido outras transferências anteriormente. “Solicitei a quebra do sigilo bancário para ter acesso a informações do que aconteceu antes do mês de setembro de 2013”, afirmou ele.
Para promover os desvios, a contadora utilizava a chamada “conta movimento”, que habitualmente serve para fazer pagamento por meio eletrônico a fornecedores e prestadores de serviços. Além disso, da conta para pagamento de despesas com pessoal, ela utilizava recursos para aumentar o valor de seus próprios vencimentos. Isto ocorreu até o último mês de abril, quando o presidente da Câmara, vereador Fabiano Cassanta, solicitou à Caixa Econômica Federal a troca das senhas para acesso ao sistema de movimentação de recursos das contas do Legislativo.
Na segunda-feira (8), o promotor tomou o depoimento da contadora. Na terça-feira (9), entre as 9 e as 17 horas, foram ouvidos por Nervino o atual presidente da Câmara, três ex-presidentes do Legislativo – Ivano Cherobim, Max Vida Santos e Mário Wieczorek – e também duas funcionárias da Câmara. Contrariando o que disse a contadora, Cassanta falou que não acompanhava a movimentação de recursos nas contas bancárias do Legislativo, o que também foi alegado pelos ex-presidentes, que afirmaram que tinham confiança no trabalho da contadora.
As investigações do MP ainda estão em curso e é aguardada a quebra do sigilo bancário da contadora, bem como os depoimentos de outras pessoas que tenham algum tipo de envolvimento ou ligação com a contadora e com as finanças da Câmara Municipal. Nervino disse que até o momento não há indícios da participação de outras pessoas, além da contadora, como beneficiárias dos recursos desviados. O promotor também solicitou à Polícia Científica a realização de perícia em computadores da contadora e da Câmara que foram apreendidos.
Bloqueios
Quando do pedido da prisão da contadora, o MP solicitou também, e obteve da Justiça, mandado de apreensão de bens e bloqueio de bens imóveis e móveis, incluindo um automóvel e uma motocicleta, bem como o bloqueio das contas bancárias da contadora. Giseli permaneceu presa à disposição da Justiça na 40ª Delegacia Regional de Polícia de Palmeira desde sexta-feira (5) até terça-feira (9), quando então foi transferida para a ala feminina do Presídio Hildebrando de Souza, em Ponta Grossa.
O MP e também a Câmara Municipal, no decorrer do caso, devem solicitar à Justiça que a contadora faça o ressarcimento dos valores desviados. Nervino disse que pode acontecer através do leilão público de bens pertencentes a ela que já estão apreendidos ou que venham a ser apreendidos, se identificados e assim solicitado.