Neste dia 9 de abril a Gazeta de Palmeira completa seus 36 anos de existência. Durante todo esse tempo o jornal, fonte de históricas polêmicas, registrou passagens peculiares que mexeram com a opinião pública e suscitaram debates acalorados. Questões políticas sempre renderam boas matérias, assim como situações de risco social provocaram comoção e mobilizaram a comunidade em busca de soluções.

Uma das primeiras matérias de grande repercussão na Gazeta de Palmeira, no início dos anos 80, quando da adoção de uma linha editorial mais voltada para as questões sociais, foi a situação do “Mato do Rocio”, uma área pública de 17 alqueires cuja posse estava sendo requisitada por um cidadão. O assunto repercutiu durante várias edições e, ainda hoje, é lembrado como um marco de reportagem investigativa, provando que a área é de posse da Prefeitura Municipal de Palmeira e, portanto, inviável de ser objeto de ação de usucapião, frustrando as intenções do cidadão que a pretendia.

Outro fato a ser lembrado, igualmente envolvendo posse de área, foi o da Favela da Linha, atual Vila Monjolo. Várias edições do jornal, também nos anos 80, mostraram a preocupação de moradores dos barracos com o possível despejo, ameaçados por cidadão residente no Rio de Janeiro. A Gazeta de Palmeira investigou e, por fim, esclareceu a questão da posse da área, margens da antiga linha férrea desativada nos anos 70. Até hoje, muitos daqueles moradores, personagens das matérias de várias edições, permanecem no local, que atualmente conta inclusive com infra-estrutura como ruas, energia elétrica e água tratada.

Assim que a Gazeta de Palmeira retomou sua trajetória, em 2000, logo na primeira edição desta nova fase abordou a questão do lixão a céu aberto na localidade de Benfica, no interior do município, e as conseqüências danosas à população do local e ao meio ambiente, inclusive com despejo de chorume (líquido tóxico decorrente da decomposição do lixo orgâncio) em nascente nas proximidades. A reação irada do prefeito na época foi de agressão verbal a diretor do jornal durante solenidade pública. A matéria desencadeou vistoria do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e a elaboração de projeto técnico para a implantação de aterro sanitário controlado para receber o lixo da cidade de Palmeira.

No mesmo ano 2000, dentro do período da campanha eleitoral municipal, a Gazeta de Palmeira denunciou saques de recursos das contas bancárias do Fundo de Previdência e Assistência dos Servidores Municipais, o Fundão. A denúncia gerou abertura de inquérito e investigações que levaram à confirmação de uso irregular de dinheiro da previdência do funcionalismo público e também falta de repasse de valores descontados dos servidores. Até hoje, processo judicial tramita na Justiça.

Com a evolução da internet, a Gazeta criou seu site em 2011. Em um ano de funcionamento, o www.gazetadepalmeira.com.br obteve mais de 50 mil acessos e cerca de 300 mil páginas visitadas. Há quase dois meses o site foi renovado e trouxe novas ferramentas, entre elas a interação com redes sociais. Após a reformulação realizada em fevereiro, o site apresenta aumento de mais de 60% no número de visitas diárias.

Eleições

Exemplo mais recente e bastante marcante desta independência política da Gazeta de Palmeira foi a campanha eleitoral de 2004, quando o jornal abriu espaço idêntico para todos os três candidatos a prefeito de Palmeira, sem ônus para eles. Uma página por edição, com três colunas, trazia semanalmente a posição de cada candidato sobre um tema proposto pelo jornal. Todos aproveitaram a oportunidade e expuseram aos leitores o seu pensamento.

Ainda dentro da campanha eleitoral de 2004, a Gazeta de Palmeira encomendou e publicou pesquisa de opinião pública. A edição que circulou no dia 2 de outubro daquele ano pode ser considerada histórica e também marco da resistência e da independência. Os resultados das urnas, no final da tarde de 3 de outubro, confirmaram os números apontados pela pesquisa, dentro da margem da erro, com exceção do obtido pelo candidato vencedor do pleito, que a pesquisa dava com índice de cinco pontos percentuais a menos do que o resultado oficial.

Face à rígida legislação sobre a divulgação de pesquisas eleitorais, integralmente cumprida pela Gazeta de Palmeira, o jornal pode circular no dia 2 de outubro. Na véspera, uma sexta-feira, o que viu no Fórum da Comarca foi uma batalha de pedidos de proibição da divulgação da pesquisa e mesmo a cassação dos exemplares do jornal.