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Câncer de próstata atinge 60 mil homens em 2014
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelam que, somente neste ano, o câncer de próstata atingiu 60 mil homens e foi o responsável por cerca de 14 mil óbitos. Nos Estados Unidos em 2010, mais de 190 mil homens sofreram da doença que é uma das neoplasias malignas mais comuns entre indivíduos do sexo masculino. Pensando na prevenção e conscientização do câncer de próstata, este mês é dedicado à campanha ‘Novembro Azul’ que tem o objetivo de alertar sobre os riscos da doença que prejudica homens com mais de 65 anos em 75% dos casos.
De acordo com o médico urologista de Ponta Grossa, Bernardo Passos Sobreiro, ainda não se conhece fatores específicos que iniciem ou promovam a progressão do câncer de próstata. “Contudo existem evidências consideráveis que fatores genéticos e ambientais estão envolvidos. Trabalhos demonstraram que o câncer de próstata possui forte componente hereditário. Homens que possuem parente em primeiro grau com câncer de próstata apresentam duas vezes mais risco de desenvolver a doença. Quando dois parentes de primeiro grau têm diagnóstico de câncer de próstata esse risco é cinco vezes maior e quando três parentes em primeiro grau apresentam neoplasia maligna de próstata o risco é 11 vezes mais elevado”, explica.
Segundo o especialista, outro aspecto importante é que os pacientes com história familiar de câncer de próstata frequentemente desenvolvem a doença em uma idade mais precoce quando comparados aos demais indivíduos. “Estudos têm sido realizados com o objetivo de identificar genes envolvidos no aparecimento do câncer de próstata e os achados iniciais levam a crer que múltiplos genes podem estar relacionados. O papel da dieta no aparecimento do câncer pode ser evidenciado através de estudos de migração. Sabe-se, por exemplo, que japoneses e chineses que migram para os Estados Unidos apresentam risco mais elevado para o câncer de próstata”, diz.
Sobreiro comenta ainda que a mortalidade por câncer de próstata está associada ao consumo de gordura animal. “Acredita-se que o consumo de gordura animal eleva o risco para câncer de próstata por aumentar os níveis de andrógenos e a produção de radicais livres. Além disso, produtos do metabolismo de ácidos graxos podem ter efeito carcinogênico”, comenta.
Prevenção
Embora o câncer de próstata ocorra com maior frequência a partir dos 65 anos é importante que a rotina de prevenção seja iniciada com o urologista a partir dos 45 anos. “Caso o indivíduo tenha um parente em primeiro grau (pai, irmão) com câncer de próstata a rotina deve ser iniciada aos 40 anos. Uma avaliação prostática básica consiste de exame retal (toque) e dosagem do antígeno prostático específico (PSA) no sangue. Exames adicionais podem ser solicitados de acordo com cada caso. A rotina deve ser realizada anualmente”, explica o urologista.
Segundo ele, muitos pacientes perguntam se o exame de toque é realmente necessário. “Até o presente momento a medicina ainda não conseguiu desenvolver um método 100% eficaz e não invasivo para identificação precoce do câncer de próstata. Embora muitos homens ainda tenham receio, o exame de toque é rápido e indolor. Além disso, é extremamente útil para avaliar o tamanho da próstata e sua consistência detectando eventual presença de nódulos”, alerta.
Tratamento
O tratamento da doença depende da extensão do câncer que é definido pelo processo de estágios. Para os casos em que a doença está restrita a próstata existem três opções: cirurgia, que consiste da retirada da próstata e vesículas seminais, podendo ser realizada por via aberta, laparoscópica ou robótica; radioterapia externa e braquiterapia.
“Quando a doença é localmente avançada e não existem evidências de metástases o paciente pode ser submetido a cirurgia e radioterapia. Para os pacientes com metástases no momento do diagnóstico do câncer de próstata emprega-se o bloqueio hormonal que consiste na supressão da produção de hormônio masculino (testosterona)”, diz Bernardo Sobreiro.
Segundo o urologista, o tratamento também pode ser realizado com cirurgias. “As principais complicações da cirurgia são a disfunção erétil que ocorre em graus variados e a incontinência urinária (observada em menor número de pacientes). Contudo, essas complicações são passíveis de tratamento com bons resultados. Após a cirurgia o paciente deverá realizar dosagens periódicas do antígeno prostático específico (PSA), para controle”, afirma.