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Pró-Rural propicia desenvolvimento e renda para produtores
O programa Pró-Rural, desenvolvido pelo Governo do Paraná, está propiciando desenvolvimento e renda para produtores da região Central do Estado. Atualmente são 132 municípios beneficiados, com capacitação de agricultores, regularização fundiária, aquisição de patrulhas rurais para melhoria de estradas rurais e projetos de agroindustrialização. Até 2019 serão R$ 150 milhões aplicados no programa, que tem apoio do Banco Mundial (BIRD).
“O Pró-Rural tem como objetivo desenvolver regiões agrícolas em condições de vulnerabilidade, desenvolvendo projetos inovadores, estimulando o cooperativismo, a qualidade da produção e a geração de renda”, diz o secretário da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara.
O programa começou a ser implantado em 2015 para eliminar desigualdades regionais. “Voltado para regiões menos desenvolvidas, como o Vale do Ribeira, o programa veio para criar oportunidades de geração de renda, que é uma das principais formas de redução de desigualdades”, diz Jefferson Meister, coordenador técnico do Pró-Rural.
Desde que foi criado, já foram capacitados 50 mil produtores rurais. Há cerca de 3 mil ações de regularização fundiária em fase final de ajuizamento, além de outras 1,6 mil em tramitação no Tribunal de Justiça. Foram adquiridas nove patrulhas rurais.
AGROINDÚSTRIA – Um dos principais focos do programa é agregar valor à produção do campo. Até o fim de 2018 serão 41 projetos beneficiados, de acordo com a Secretaria da Agricultura. Uma das iniciativas apoiadas está sendo implantada na zona rural de Guarapuava, onde produtores do assentamento quilombola Paiol de Telha estão colocando em prática um projeto para agregar valor às hortaliças produzidas na comunidade.
Em parceria com a prefeitura e a Secretaria da Agricultura, eles estão construindo uma unidade de processamento que permitirá vender hortaliças, como cenoura, repolho, couve, abóbora, batata-salsa e beterraba já cortadas e embaladas para o varejo.
O projeto está orçado em R$ 85,5 mil, dos quais R$ 68,2 mil vêm do Pró-Rural, e vai beneficiar cerca de 12 horticultores do assentamento, que reúne 60 famílias. Os produtores já contam com equipamentos como mini-câmara fria, mesa, processador de alimentos, centrífuga industrial, embaladora a vácuo, selador de embalagem e balança eletrônica. O recurso do Pró-Rural está sendo usado para a construção do barracão que vai abrigar a usina de processamento, que deve ficar pronta em 2018.
“É uma forma de diversificar a atividade dos agricultores, que já trabalham com grãos e pecuária de leite principalmente”, diz Patrikk John Martins, agrônomo da secretaria de Agricultura de Guarapuava. A ideia, explica, é agregar valor à produção de hortaliças, que rende cerca de R$ 500 por semana por produtor com a venda in natura.
MEL EMBALADO – Em Ortigueira, por exemplo, apicultores estão montando uma fábrica para poder vender mel embalado. O projeto foi o primeiro assinado dentro do Pró-Rural no Estado.
A ideia, em parceria com o Sebrae e a Associação dos Produtores de Mel (Apomel), envolve 48 apicultores que produzem cerca de 500 toneladas de mel por ano, gerando um faturamento bruto médio de R$ 50 mil anuais para cada associado.
“Hoje esse mel é vendido in natura, em tambores de 300 quilos, para intermediários que vendem para o consumidor final. Com recursos do Pró-Rural, os apicultores adquiriram máquinas de fracionamento e embalagem do mel, o que vai agregar valor ao produto. Com isso, os produtores poderão vender direto para o consumidor final e até exportar”, diz Luis Hiroshi Shimizu, consultor credenciado do Sebrae que atua no projeto.
Para o presidente da Associação de Produtores, Valdemar Kieltyka, esse dinheiro vai mudar a vida dos produtores de Ortigueira, a região que mais produz mel no Estado. A expectativa é que o valor pago pelo quilo de mel, que hoje é de cerca de R$ 10, possa a chegar a R$ 23. A intenção também é abrir mercados para exportação. A previsão é começar a vender o mel embalado já em 2018.
Mulheres quilombolas esperam ampliar agroindustrialização
A expectativa dos produtores da comunidade quilombola Paiol de Telha é que o processamento das hortaliças gere novos negócios e abra espaço para novos projetos de agroindustrialização no futuro. O projeto começou pela iniciativa das mulheres da comunidade.
Luisa Pereira de Lima Viana, produtora e primeira tesoureira da Associação de Mulheres do assentamento, lembra que até agora o principal destino da produção de hortaliças era a merenda escolar.
“Desde 2009 entregávamos os produtos in natura para a merenda escolar. Como veio a proposta de criar uma agroindústria e precisávamos de um espaço físico, buscamos esse projeto e o Pró-Rural para ampliar nosso trabalho melhorar a geração de renda e agregar valor”, diz Luisa.
Ela lembra que processar o alimento triplica o valor das hortaliças. “Lógico que ainda temos os nossos custos, mas, ainda assim, é uma forma de gerar mais recursos. Graças a Deus estamos bem felizes. Em 19 anos aqui dentro do assentamento, nunca vimos nenhum projeto desse tamanho”, afirma.
Michele Dal Santos, nutricionista da secretaria Municipal de Agricultura de Guarapuava, conta que os agricultores receberam capacitação sobre como utilizar as máquinas, cortar, lavar e embalar as hortaliças. A ideia é terminar a construção do barracão em 2018.
De acordo com Luisa Viana, um dos objetivos é aproveitar a produção de hortaliças que atualmente não tem como destino a merenda escolar. Ela explica que como o fornecimento da merenda é estabelecido de acordo com cotas, muitos produtores que investiram em hortaliças não conseguiram vender e acabaram se desfazendo da produção. “Tem produtor que teve que jogar fora 200, 300 quilos de repolho, acelga, três mil unidades de alface. Isso desestimulou o plantio. Mas com o novo projeto, os produtores já estão voltando”, diz.
LATICÍNIO – A intenção da comunidade Paiol de Telha é também investir mais em outros projetos de agroindustrialização com recursos do programa. “Queremos finalizar a obra e buscar novos projetos pelo Pró-Rural, mas dessa vez, na área de laticínios. A ideia é aproveitar a produção de leite para fazer o queijo, bebida láctea, iogurte, empacotar o leite. Agora que começamos não queremos mais parar”, acrescenta.
Para a agricultora Maria da Luz Oliveira Santos, o projeto surgiu para dar uma oportunidade de geração de renda para as mulheres do assentamento. “É uma alegria ver que o barracão está quase pronto e poderemos trabalhar nas mercadorias e embolsar o dinheiro que render”, afirma.
Fotos: Divulgação, Emater e Jaelson Lucas/ANPr