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Palmeira busca Indicação Geográfica para o Pão no Bafo
Palmeira, está em busca do selo de Indicação Geográfica (IG), na modalidade de Indicação de Procedência (IP), para o Pão no Bafo, que é considerado Patrimônio Imaterial da cidade. O trabalho é resultado de parceria entre Sebrae/PR, Município de Palmeira, empresários e Conselho Municipal de Turismo (Comtur). Um dos requisitos para se protocolar a solicitação junto ao INPI, o que deve ocorrer ainda em 2024, é que o setor esteja disposto à estruturação.
Com o intuito de verificar se o município possui produtores e prestadores de serviço por meio de uma ação coletiva de interesse comum a ser protegido por meio do registro de IG, o Sebrae/PR fez, em 2023, a avaliação Potencialidade para Indicação Geográfica do Pão no Bafo de Palmeira.
A consultora do Sebrae/PR, Nádia Joboji, explica que está sendo realizado um trabalho de sensibilização de empresários, comunidade e gestores com relação à importância do registro de IG. Após isso será formado um comitê gestor e, em processo de criação, a Associação dos Produtores de Pão no Bafo de Palmeira
Segundo ela, as indicações geográficas desempenham um papel essencial ao proporcionarem uma garantia de autenticidade e qualidade aos consumidores, permitindo-lhes tomar decisões informadas e apoiar a produção local, fomentando também o turismo.
“Os consumidores estão mais preocupados com a procedência e qualidade dos produtos que adquirem, a busca por produtos de origem conhecida tem se tornado uma prioridade. Acreditamos que os pequenos negócios têm muito a ganhar, com mais acesso a mercados, aumento da competitividade e desenvolvimento local, no caso de Palmeira, com a forte vocação no turismo”, comenta.
O Pão no Bafo chegou em Palmeira em 1878 junto com os primeiros imigrantes russo-alemães, que se instalaram em Quero-Quero, Colônia Papagaios Novos, Santa Quitéria, Lago e Pugas. Desde então, o prato faz parte do dia a dia das famílias palmeirenses.
“O produto impressiona turistas e moradores locais, principalmente pelo contexto histórico que foi preservado e apreciado ao longo dos anos. A receita ultrapassou as colônias dos imigrantes palmeirenses para toda a região, conquistando paladares e se tornando uma parte integral da identidade gastronômica do município e seus arredores”, afirma o diretor de Cultura e Turismo de Palmeira, Bruno Mioduski.
Em 2015, o prato gastronômico, feito exclusivamente com carne suína, repolho (azedo ou não) e pãezinhos pequenos, recebeu o título de Patrimônio Imaterial de Palmeira. A receita também está no livro “Sabores dos Campos Gerais”, produzido pela Associação dos Municípios dos Campos Gerais (AMCG), ao lado de receitas tradicionais de outros 18 municípios da região. Além disso, o prato típico é atração de turistas e participa de diversos eventos regionais de culinária tradicional, com apoio também da Instância de Governança Regional Adetur Campos Gerais.
A empresária Rosane Radecki trabalha com o Pão no Bafo desde 2016. Segundo ela, a expectativa é que com a obtenção do registro de IG os restaurantes tenham mais retorno financeiro.
“Além de fortalecer o turismo e proteger o Pão no Bafo de Palmeira, esperamos que mais pessoas tenham interesse em conhecer o prato. No meu empreendimento, além de ter um lugar de destaque no cardápio, vendemos o produto congelado. Desta forma, o cliente pode repetir a experiência gastronômica em casa ou permitir que um amigo ou familiar também possa apreciar o sabor”, cita.
A empresária Priscila Junqueira Smaka Sawatzky, que tem um restaurante na Colônia Witmarsum, acredita que a IG vai agregar valor ao prato, com o resgate da cultura e, principalmente, da manutenção dele.
“O Pão no Bafo já é tombado como Patrimônio Imaterial de Palmeira e cada colônia vem com sua receita. O reconhecimento dessa notoriedade vai agregar ainda mais valor, pois muitos clientes ligados à culinária estão preocupados em saber a história do prato”, considera.
Também com um empreendimento gastronômico na Colônia Witmarsum, a empresária Giulia Ferreira Bittencourt conta que vai começar a disponibilizar o prato em seu restaurante com o intuito de reforçar a tradição que existe.
“Disponibilizamos aos nossos clientes diversos pratos típicos alemães, mas pensando na atração de turistas e da importância do Pão no Bafo e da própria IG vamos atuar também com a comercialização do prato”, adianta.
A presidente da Associação dos Moradores da Colônia Quero-Quero, Rosemari Schweigert Schuebel, conta que uma vez por mês é realizada uma feira na localidade com produtos coloniais e que o maior movimento é registrado quando é servido o pão no bafo. Ela diz que o prato é feito pela matriarca da família, na própria residência, e que a expectativa é profissionalizar o negócio.
“É um prato que chama bastante a atenção de turistas e moradores locais. Acreditamos que dará ainda mais visibilidade ao produto e região”, comenta.
IG no Paraná
Atualmente, no Paraná, são 14 Indicações Geográficas reconhecidas pelo INPI: cachaça e aguardente de Morretes; melado de Capanema; mel de Ortigueira; cafés especiais do Norte Pioneiro; morango do Norte Pioneiro; vinhos de Bituruna; goiaba de Carlópolis; mel do Oeste do Paraná; barreado do Litoral do Paraná; queijos coloniais de Witmarsum; bala de banana de Antonina; erva-mate São Matheus, do sul do Paraná; camomila de Mandirituba; e uvas finas de Marialva. Além delas, há uma IG concedida para Santa Catarina, mas que envolve municípios do Paraná e Rio Grande do Sul, que é o Mel de Melato da Bracatinga do Planalto Sul do Brasil.
Outros produtos estão em busca do registro e possuem pedidos depositados no INPI: Tortas de Carambeí; Broas de Centeio de Curitiba; Mel de Prudentópolis; Urucum de Paranacity; Queijos do Sudoeste do Paraná; Cracóvia de Prudentópolis; Carne de Onça de Curitiba; Café de Mandaguari; Ponkan de Cerro Azul; Ovinos e Caprinos da Cantuquiriguaçu; Ginseng de Querência do Norte e Ostras do Cabaraquara.
Foto: Divulgação