Na última sexta-feira (24), a nova diretoria da Santa Casa, concedeu uma entrevista coletiva para a imprensa local. Presentes o provedor Marcos Antônio Bordinhão, vice-provedor Vagner Augusto Barausse, 1º secretário Carlos Eduardo Rocha Mezzadri e demais membros que compõem a diretoria.

Iniciando a coletiva o provedor Marcos Bordinhão agradeceu a presença de todos e disse que desde que assumiram a Santa Casa, receberam algumas perguntas e que agora vamos responder. “Desde que foi eleita a nova diretoria no dia 29 de abril, precisávamos de tempo, para darmos entrevista, para poder entender a situação e resolver os problemas que existiam e principalmente manter o hospital em funcionamento. O que nos motivou montarmos uma chapa e assumirmos a direção do hospital? Conversamos entre amigos, foi uma questão de que não podíamos deixar o hospital fechar, o hospital pode até ser municipalizado, mas não teria condições legais para ser”.

Segundo Marcos, foi montada uma chapa multidisciplinar, para que se consiga administrar o hospital sendo de forma coesa e uma gestão diferente, reunindo pessoas que pudessem ajudar e também encontrar as falhas que houvesse.

Situação do hospital

Sobre a situação do hospital, Bordinhão comentou que “foram quase 30 dias, pesquisando, conversando, para tentar encontrar os problemas, quando falamos em gerir, não é só contratar funcionários, é muito mais do que vocês podem imaginar. O Sistema Única de Saúde (SUS) é muito complexo, tem muitas exigências e o hospital não recebe pelos procedimentos que realiza, mas sim pelos que estão previstos, pactuados. O valor repassado pelo SUS é de R$ 86 mil, tendo outras receitas a título de subvenção municipal, de prestação de serviços médico-hospitalares e algumas outras receitas. Porém, o custo mensal da estrutura gira em torno de R$ 250 mil, isso no mês de abril deste ano, o que ultrapassa o valor da arrecadação de cerca de R$ 240 mil, e essa a diferença de valor que nós como administradores, temos que ver onde vamos buscar, sendo esta a dificuldade do hospital”.

De acordo com o novo provedor, o hospital conseguiu se manter durante todos esses anos, graças ao empenho de todos, das promoções e doações. Foi um trabalho árduo de alguns médicos, que aceitaram fazer os procedimentos, por um valor muito menor do que o valor de mercado e o hospital contava com esses médicos. Porém depois das denúncias que foram feitas em rede social, segundo Marcos, “de maneira irresponsável”, ficou muito difícil para o hospital, pois três médicos que atendiam não queriam mais atuar, pois se sentiram ofendidos e atingidos. O que prejudicou ainda mais a situação do hospital, vindo a perder algumas receitas.

Subvenção

Sobre a subvenção com a Prefeitura Municipal de Palmeira, foi criada uma ideia errada, de que todo o dinheiro que a prefeitura repassava era só para manter o Pronto Atendimento. “Existe no hospital, duas portas, a do PA e do hospital, todo paciente do SUS precisa ir para o PA, que antes funcionava no Posto Central, mas era muito grande a dificuldade do internamento, então foi trazido aqui para o hospital o que facilitava para que a pessoa já fosse internada”, disse. “O que a prefeitura nos repassa, 80% é para custear o mecanismo, o PA precisa de enfermeira, farmacêutico, remédios, e a subvenção é para custear que é essencial para a vitalidade do PA. Se a subvenção da prefeitura acabasse, não seria preciso mais do que 15 minutos para fechar a essa porta, o hospital não sobrevive, não tem de onde tirar o dinheiro. O hospital depende da população, como depende da prefeitura e se perdermos, o hospital fecha”, comentou.

Carteira de benefícios

O provedor comentou que uma carteira de benefícios está sendo desenvolvida pelo vice-provedor Vagner Barausse que assumiu essa tarefa, onde as pessoas pagam um valor pequeno e tem benefícios, dentro da própria Santa Casa, farmácias, laboratórios, supermercados, em próprias consultas médicas e particulares e deve suprir um tanto do valor.

“Nós ainda estamos formatando, o Vagner implantou um modelo de carteirinha no Sindicato Rural e terá quase o mesmo formato e pretendemos atingir mil pessoas. O nosso objetivo é tentar com que ajude pouquinho e rateie esse valor. Isso não é um plano de saúde e nem um convênio, que a pessoa vai ter, é um atendimento diferenciado com relação a valores, eu acredito que dentro de 20 dias já se tenha estruturado o manual do usuário para utilizar”, disse.

Corpo clínico

No Estatuto da Santa Casa, existe todo um procedimento para a inclusão de um médico. O diretor do Corpo Clínico do hospital hoje é o Dr. Gerson Antunes Proença, sendo que 14 médicos estão na nova proposta. “Estamos fazendo o trabalho de inserir todos eles, já solicitamos os documentos fazendo este trabalho de inserir todos, o mais rápido possível. É uma estrutura autônoma dentro da Santa Casa e não podemos interferir. O prazo estimado pela 3ª Regional de Saúde é até o final deste mês, mas estamos tendo dificuldade em montar uma escala que foi solicitada pela Regional, com relação ao médico obstetra, no sobreaviso, o médico tem que estar em Palmeira, mas não precisa estar no hospital, já no plantão presencial o profissional é obrigado a permanecer dentro do hospital”.

Melhoria na estrutura

Já o 1º secretário Carlos Eduardo Rocha Mezzadri, comentou sobre a melhoria na estrutura do hospital, sendo que a administração passada transformou a Santa Casa. “Em quase 8 anos e ocorreu uma grande melhoria, tem equipamentos modernos e as aquisições foram possível pelo trabalho de cerca 100 pessoas que ajudavam vendendo rifas, em feiras de pastel, bazar, além de muitas doações. A estrutura física como os quartos, foram todos reformados, novo centro cirúrgico, profissionais capacitados, tudo para fazer dar certo”, disse. “Não podemos perder tempo com denúncias vazias e irresponsáveis. Queremos receber a opinião da população, precisamos de muito apoio, porque a Santa Casa esteve muito perto de fechar, mas com o trabalho de todos vai continuar aberta e atendendo da melhor maneira a população palmeirense”, finalizou.

Foto: Bruna Camargo/Rádio Ipiranga